Antes da própria história que aborda temas importantíssimos, como abuso de poder e feminicídio, o chamariz de Distúrbio (no original, Unsane) é a ousadia de Steven Soderbergh em filmar durante 10 dias com um iPhone Plus 7. Dessa forma, o recurso é um diferencial em cenas nas quais a câmera acompanha a protagonista Sawyer Valentini (Claire Foy) como se fosse uma selfie, focando as expressões desassossegadas da atriz.
A câmera, nesta perspetiva, transmite um pouco da agonia vivida por Sawyer, uma vez que ela se mudou recentemente de Boston para a Pennsylvania a fim de fugir de seu perseguidor. Com a paranoia de estar sempre sendo perseguida, a jovem se torna pouco sociável e vive em confronto consigo mesma sobre o que é real ou uma farsa de sua mente.
Já na primeira cena, observamos um desconfortante momento em que o atual chefe de Sawyer tenta persuadi-la a ir numa viagem a trabalho com ele e, consequentemente, passar a noite juntos. Para coagi-la, ele coloca sob julgamento o desempenho dela na empresa, caso não aceite a “oferta”.
Em um momento em que a internet compartilha diversos fatos sobre abusos constantes vividos pelas mulheres no trabalho, na escola, na rua, etc, a cena é quase uma tortura mental. Com esse pontapé inicial, os acontecimentos prosseguem cada vez mais obscuros.
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